Por Vitória de Moraes
Dando continuidade aos casais do Grupo Especial que passarão na Marquês de Sapucaí no carnaval de 2025.
Houve alteração na quantidade de dia de desfiles do Grupo Especial, no ano da fundação do Sambódromo em 1985 até o ano de 2024, os dias de desfiles eram divididos em dois dias, sendo tradicionalmente Domingo e Segunda Feira, sendo seis escolas por dia. A partir de 2025, os desfiles foram divididos em três dias, sendo Domingo, Segunda e Terça Feira com quatro escolas por noite.
A escola de hoje é o Paraíso do Tuiuti, que será a segunda escola à desfilar na Terça Feira de Carnaval, dia 04 de Março de 2025, no Grupo Especial do carnaval carioca. Os desfiles do Grupo Especial é organizado pela Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro, a LIESA | Rio Carnaval.
O Paraíso do Tuiuti foi fundada em 5 de Abril de 1952 através da junção das escolas Paraíso das Baianas e Unidos do Tuiuti, sendo a única remanescente do bairro de São Cristóvão. Um fato curioso, é que o Morro do Tuiuti, onde a escola tem origem, é vizinha da Mangueira, onde é separado por uma ponte.
Sua estreia no Grupo Especial foi em 2001, quando veio com o enredo “Um Mouro no Quilombo, Isto a História Registra”, desenvolvido pelo carnavalesco Paulo Menezes, inspirado no livro A Incrível e Fascinante História do Capitão Mouro, do escrito George Bourdoukan e falava sobre um Mouro (Mulçumano de pele negra que habitava na Península Ibérica, região entre Espanha e Portugal) chamado Saifundin, que durante sua peregrinação para cidade sagrada de Meca, parou no Brasil após o naufrágio do seu barco. Saifundin teria um papel importante na construção da fortificação do Quilombo dos Palmares, sendo um dos melhores amigos de Zumbi dos Palmares. Apesar dessa incrível história, o Paraíso do Tuiuti terminou em décimo quarto lugar.
Durante os anos, ocilou entre os grupos de acesso A e B, tendo destaque os desfiles de 2015, que tem como título do enredo “Curumim Chama Cunhantã que Eu Vou Contar…” que falava sobre a viagem de Hans Staden para o Brasil e que aqui se tornou prisioneiro de nativos canibais e o desfile de 2016, que a escola de São Cristóvão veio com o enredo chamado a “Farra do Boi”, que falava de um boi que Padre Cícero tinha ganho e foi tido como milagreiro por trazer chuva ao sertão do Ceará com um mugido forte. Com inveja, autoridades sacrificou o animal em praça pública. Ambos os enredos foram desenvolvidos pelo carnavalesco Jack Vasconcelos e do de 2016 foi campeão do Grupo A (Atual Série Ouro.
Em 2018, a escola veio com o enredo “Meu Deus! Meu Deus! Está Extinto a Escravidão?” desenvolvido pelo carnavalesco Jack Vasconcelos, que falava sobre os 130 anos da abolição da escravatura, fazia hma critica ao racismo ainda presente e os desafios dos trabalhadores brasileiros atualmente. Surpreendentemente, a escola terminou em segundo lugar, tendo sua melhor posição em toda sua história.
No ano de 2024, a escola traz de volta o carnavalesco Jack Vasconcelos e vem com o enredo “Glória ao Almirante Negro”, uma homenagem ao João Cândido Felisberro, o primeiro Almirante Negro da Marianha do Brasil, que foi líder da Revolta da Chibata, revolta que se deu pelo uso de chibata em militares negros e mulatos que era usado como punição. Até os dias de hoje, a organização militar ignora a história de João Cândido e não quer vê-lo como herói, porém, nós, o povo brasileiro o reconhece como herói.
Para o carnaval de 2025, a escola renova com Jack Vasconcellos e trará o enredo “Quem tem medo de Xica Manicongo?”, uma homenagem à Xica Manicongo que é a primeira travestir brasileira. Nasceu no Reino do Congo e foi trazida ao Brasil, mais especificamente pra Salvador, na Bahia como escrava, trabalhou como sapateira e não aceitava se vestir com roupas masculinas.
Passagens
Primeiro Casal – Raphael Rodrigues e Dandara Ventapane
Raphael deu seus primeiros passos como Mestre Sala logo na infância, com apenas oito anos, quando ingressou na tradicional escola de Mestre Sala, Porta Bandeira e Porta Estandarte Manoel Dionísio. Sua primeira escola como Mestre foi o Boi da Ilha do Governador, como Segundo Mestre Sala em 2001 e no ano seguinte foi promovido a Primeiro Mestre Sala. Tem passagem por escolas como Estação Primeira de Mangueira, Império Serrano (Uruguaiana), Leão de Nova Iguaçu, Mocidade Independente de Padre Miguel, Unidos de Vila Isabel e Unidos do Viradouro. Chegou ao Paraíso do Tuiuti em 2022 onde permanece até hoje.
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Raphael e Dandara no desfile de 2024 | Foto: Alex Ferro |
Dandara é oriunda de uma família de sambistas, sendo neta do icônico compositor Martinho da Vila. Deu seus primeiros passos como passista, até se encontrar como Porta Bandeira e estreou na Unidos de Vila Isabel em 2013 como Terceira Porta Bandeira, em 2015 foi promovida a Primeira Porta Bandeira e tem passagem por escolas como Acadêmicos da Rocinha e União da Ilha do Governador. Chegou ao Paraíso do Tuiuti em 2022 onde permanece até hoje.
Segundo Casal – Leonardo Thomé e Rebeca Tito
Leonardo deu seus primeiros passos no samba na ala das crianças da Beija Flor de Nilópolis. A sua vontade de ser Mestre Sala despertou ao ver o icônico Mestre Sala Claudinho dançar, a partir daí, passou a integrar a importante escola de Mestre Sala, Porta Bandeira e Porta Estandarte Manoel Dionísio. Tem passagem por escolas como Acadêmicos da Abolição, Alegria da Zona Sul, Em Cima da Hora, Leão de Nova Iguaçu, Lins Imperial, Matriz de São João de Meriti e Sereno de Campo Grande. Em 2022 foi convidado para assumir o segundo pavilhão da Paraíso do Tuiuti onde permanece até hoje.
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Leonardo e Rebeca no desfile 2024 | Foto: Nobres Casais |
Rebeca iniciou no carnaval na escola mirim Tijuquinha do Borel como passista mirim com apenas quatro anos de idade, mas despertou o desejo de ser Porta Bandeira e começou a participar da tradicional escola de Mestre Sala, Porta Bandeira e Porta Estandarte Madureira Toca, Canta e Dança, de Waldir Galo. Tem passagens por escolas como Inocentes da Caprichosos, Filhos da Águia, Unidos da Villa Kennedy e Unidos de Maricá. Em 2015 venceu o concurso para Terceira Porta Bandeira da Paraíso do Tuiuti, no ano seguinte, em 2016, foi promovida à segunda Porta Bandeira, que permanece até hoje.
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